Robert Wilson homenageia uma das figuras mais originais do Modernismo do século XX, num espetáculo que olha a poesia de Fernando Pessoa como uma busca e uma interrogação profunda da linguagem como existência. “A sua criatividade expressou-se através do culto e da libertação dos múltiplos eus que existiam na sua cabeça. Não eram pseudónimos. Eram ele, mas também não eram ele. Pessoa chamou-lhes heterónimos. Foram os seus aliados numa grande aventura, a busca pela voz libertada da poesia”, escreve Darryl Pinckney, responsável pela dramaturgia.
PESSOA – Since I’ve been me, estreado em maio de 2024 no Teatro della Pergola, em Florença, Itália, evoca as diversas atmosferas das obras de Pessoa, a fluidez de humor, seja meditativo ou cómico, racional ou anárquico. Uma vida partilhada com personalidades heteronímicas como Alexander Search, Bernardo Soares, Vicente Guedes, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos ou Ricardo Reis. “A liberdade de imagem de Wilson é equivalente a esses alegres e sérios céticos da metafísica. O encenador apresenta Pessoa e o seu círculo como escapistas dos conceitos filosóficos tradicionais”, continua Pinckney, “Wilson está tão atento quanto Pessoa à realidade dos sonhos e à falta de confiança no concreto. Emoções e sensações são mistérios. A força da imaginação poética de Pessoa reside na sua vontade de escrever e de continuar a escrever contra a dúvida e na sua extraordinária capacidade de o fazer numa língua após outra. Capturar a essência da relação da alma humana com o mundo físico é uma música que questiona”.
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